Como a memória influência o comportamento
Como as nossas lembranças moldam as nossas ações
A memória é basilar na tomada de decisões de forma consciente e inconsciente. Ela é definida como a capacidade que o cérebro tem em codificar, armazenar e recuperar informações. Já o comportamento define o conjunto de ações e reações que expressamos em resposta a estímulos externos e internos.
Memórias traumáticas e ações impulsivas
As experiências passadas, especialmente as traumáticas, têm um impacto significativo na forma como nos comportamos. Segundo Bessel van der Kolk, autor de The Body Keeps the Score, os traumas podem ficar “armazenados” no cérebro de forma desorganizada, ativando reações impulsivas através da amígdala (região responsável por desencadear respostas emocionais intensas). Isto pode resultar um estado de alerta mental que irá desencadear um comportamento automático de defesa, como fuga, luta ou bloqueio, mesmo que o perigo não esteja presente.
Estas respostas impulsivas ativadas pelas janelas killer, acontecem porque memória traumática toma conta de mente (consciente ou inconscientemente), controlam e influenciam negativamente as nossas decisões. Assim, um indivíduo que tenha sofrido abuso na infância pode, na vida adulta, reagir com agressividade ou medo excessivo em situações que não representam perigo real.
Como criar novos circuitos mentais para ter um comportamento assertivo
A boa notícia é que é possível reprogramar o cérebro e criar novos circuitos mentais (neurais). A neuroplasticidade, conceito amplamente estudado por cientistas como Norman Doidge (The Brain That Changes Itself), demonstra que o cérebro pode ser treinado para responder de forma mais equilibrada e uma das ferramentas mais eficazes para isso acontecer é a meditação.
A prática meditativa, ajuda a reduzir a atividade da amígdala e a fortalecer o córtex pré-frontal, região associada ao pensamento racional e ao controlo emocional. Cada vez mais estudos indicam que indivíduos que meditam regularmente têm uma maior capacidade de gerir emoções e de reagir de forma mais assertiva perante situações desafiadoras.
Resolver as memórias traumáticas é essencial neste processo para que deixemos de ser reféns das janelas killer e para podermos a agir com coerência e segurança no dia-a-dia. Resolver traumas não é apenas um processo de cura emocional, mas também uma ferramenta poderosa para um comportamento mais coeso, alinhado com os nossos valores e objetivos.
A chave para a mudança
A memória é um elemento-chave na nossa existência, influenciando profundamente o modo como pensamos, sentimos e agimos a cada momento. Quando deixamos que os traumas nos aprisionarem em padrões de comportamento impulsivos e desajustados, não nos permitimos viver com dignidade e leveza. Contudo, através da neuroplasticidade e de práticas como a meditação, é possível transformar a nossa relação com o passado para uma forma mais harmoniosa e construir um presente mais equilibrado.
A chave para um comportamento assertivo está em compreender a nossa memória e treiná-la para que ela seja nossa aliada, e não adversária.
E tu, estás pronto para assumir as rédeas da tua própria vida?
© Sílvia Da Serra℠
