Respirar fundo acalma

Respirar fundo tem mesmo um efeito calmante e não é a sabedoria popular a afirmá-lo. São os neurocientistas

Uma análise com base em registos obtidos em pacientes com eléctrodos no cérebro mostrou que a respiração pode, efetivamente, alterar o cérebro.
O conselho “respira fundo” perante uma situação stressante ou exigente pode não ser apenas um “cliché”. Controlar voluntariamente a respiração ou até mesmo, simplesmente, manter o foco na respiração, leva a uma maior ligação entre determinadas partes do cérebro e permite o acesso a áreas cerebrais que, normalmente, nos estão inacessíveis.
Conduzido pelo investigador Jose Herrero, da Escola de Gestão de Kellogg da Northwestern University, EUA; em colaboração com o neurocirurgião Ashesh Mehta, do Hospital Universitário de NorthShore, também nos EUA, o estudo começou por observar a atividade cerebral de um grupo de pacientes enquanto estes respiravam normalmente. Em seguida, foi-lhes pedida uma tarefa: que carregassem num botão sempre apareciam círculos num ecrã de computador. Com este exercício, os investigadores puderam observar o que acontece no cérebro quando respiramos normalmente, sem qualquer foco nessa função. No passo seguinte, os participantes receberam instruções para aumentar o ritmo da respiração e contar as inspirações. Esta “manipulação” da respiração ativou partes diferentes do cérebro.
O estudo teve uma particularidade que o torna raro no campo da investigação neuroglógica: observou diretamente os cérebros de humanos em estado de vigília e alerta. Enquanto os estudos comuns sobre o tema usam técnicas de imagiologia, neste caso, os participantes tinham eletrodos inseridos no cérebro porque estavam a fazer um tratamento para a epilepsia. Todos sofriam convulsões que não podiam ser controladas com medicação e foram submetidos a intervenções cirúrgicas para implantação dos eletrodos como forma de detetar o foco das crises. Como essa deteção implica uma convulsão espontânea, os pacientes estavam hospitalizados para monitorização contínua da sua atividade cerebral e foi isto que permitiu à equipa de Herrero uma visão única sobre o funcionamento dos seus cérebros.

Fonte: https://visao.sapo.pt/visaosaude/2019-12-16-respirar-fundo-tem-mesmo-um-efeito-calmante-e-nao-e-a-sabedoria-popular-a-afirma-lo-sao-os-neurocientistas/?fbclid=IwAR3VzVbJElBzy9_qNeIKRCrhtRGCcHO97Cafo7p8piKljpiWc0Qff0jSzSI

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